sábado, 28 de maio de 2011

5º de 5 artigos sobre o Apocalipse


A besta do Apocalipse

O principal agente do diabo em sua perseguição da igreja era uma besta selvagem que emergiu do mar (Apocalipse 13:1-10). Ela representava um rei (17:9-11). A evidência do Apocalipse é que a besta não estava no futuro remoto (17:7-11) e teria somente uma curta carreira (13:5). Com a estrutura de tempo na qual devemos procurar aplicações históricas estabelecidas (veja Andando na Verdade, Ano 1, Número 2, 23-25), poderia eu apontar algumas interessantes coincidências entre o Apocalipse e a História do primeiro século d.C. sem parecer muito dogmático?
 
Golpe de morte na besta

A besta tinha sete cabeças (13:1); uma "como golpeada de  morte", mas "essa ferida mortal foi curada" e o mundo ficou   maravilhado (13:3). Esta descrição é, com toda possibilidade, uma alusão aos acontecimentos de 69 d.C., o "Ano dos Quatro Imperadores". A má administração dos últimos anos de Nero tinha gerado revolta e o suicídio dele em 68 d.C. foi seguido por guerra civil. Quatro diferentes imperadores reivindicaram o trono em 69 d.C. O império foi sacudido até os seus alicerces. A ordem foi, contudo, restabelecida sob Vespasiano. O golpe de morte foi curado e o mundo se maravilhou.

A lenda de Nero 

"A besta"
, foi dito a João, "era e não é, está para emergir do  abismo... era e não é, mas aparecerá" (17:8). As sete   cabeças são sete reis: "...dos quais caíram cinco, um existe, e o outro ainda não chegou". A própria besta é o oitavo rei e "procede dos sete" (10-11). Tenho considerável confiança em que esta descrição se relaciona de algum modo com a assim chamada "lenda de Nero".

Depois do suicídio de Hitler circulou o boato que ele ainda estava vivo, talvez escondido em algum lugar da América do Sul, planejando uma segunda tentativa. Rumores semelhantes seguiram a morte de Nero. Alguns não queriam crer que ele estava morto. Supunha-se que estivesse escondido, para voltar logo e reclamar o trono. Apareceram pretendentes, declarando serem Nero, e reuniram seguidores. Esta "lenda de Nero" é documentada pelos historiadores romanos do primeiro século Tácito e Suetônio.

Em 69 d.C., escreveu Tácito, "quatro imperadores pereceram violentamente. Houve guerras civis, ... e graças às atividades de um charlatão mascarado de Nero, até a Partia esteve na beira de declarar guerra" (Histórias, i. 2; Edição Penguin, brochura, pág. 21 e seguintes).

Por este tempo a Acaia e a Ásia estavam abaladas por um alarme falso. Circulou o boato que Nero estava a caminho para lá. Tinha havido histórias conflitantes sobre sua morte, e numerosas pessoas imaginavam -- e acreditavam -- que ele estivesse vivo... Nesta ocasião o homem envolvido era um escravo do Ponto, ou, de acordo com outros relatos, um liberto da Itália. A circunstância de ser ele era um harpista e cantor por profissão, quando somada com uma semelhança facial, a impostura muito plausível (Tácito, Histórias, ii. 8f., Penguin, brochura, pág. 85 e seguintes).
 
Depois da morte de Nero, escreveu Suetônio sobre seus amigos: "...até continuaram a circular seus éditos, fingindo que ele ainda estava vivo e logo voltaria para confundir seus inimigos... Vinte anos mais tarde, quando eu era um jovem, um indivíduo misterioso apareceu declarando ser Nero; e tão mágico foi o som de seu nome aos ouvidos dos partas que eles o apoiaram com o melhor de 61sua capacidade, e estiveram muito relutantes em aceder às exigências de Roma de sua extradição (Nero, 57, em Os Doze Césares; Penguin, pág. 240 e seguintes).

João, naturalmente, não creu numa tal fábula. Mas parece que ele fez uso dela, pois continha um elemento de verdade. Um monstro perseguidor como Nero estava no horizonte. Não o próprio Nero, mas um segundo Nero apareceria, outro rei em quem o espírito e o caráter de Nero seria revivido. Ele seria um oitavo rei, mas "dos sete", um segundo Nero, possivelmente Domiciano.

Número da besta

"Apocalipse 13:17 e seguintes e 15:2, se referem a numerologia, que era muito familiar às pessoas dos tempos antigos. De acordo com ela, desde que cada letra grega tenha um valor numérico, um nome poderia ser substituído por um número representando o total dos valores numéricos das letras formando o nome" (Arndt & Gingrich, Lexicon, 106). Um sujeito apaixonado rabiscou numa parede da antiga Pompéia uma sentença grega que se traduz, "Eu amo aquela cujo número é 545" (Adolf Deissman, Luz do Oriente Antigo, 277).

À luz da alusão evidente a Nero discutida acima, talvez possamos considerar a solução para este enigma dado no Lexicon, 669, Grimm-Thayer. O número 666 é chamado "um número místico cujo significado é claro quando está escrito em letras hebraicas ... 'Nero César'".

Data do Apocalipse

O debate sobre a data do Apocalipse continuará. Mas o próprio livro não exige uma data entre os perseguidores, um passado e um futuro, ao invés de uma data durante o reinado de qualquer deles? E não deveria esta evidência interna ter precedência sobre qualquer testemunho externo?



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Césares Romanos
do Primeiro Século

Augusto 27 a.C. - 14 d.C.
Tibério 14-37 d.C.
Calígula 37-41 d.C.
Cláudio 41-54 d.C.
Nero 54-68 d.C.
Galba 68-69 d.C.
Oto 69 d.C.
Vitélio 69 d.C.
Vespasiano 69-79 d.C.
Tito 79-81 d.C.
Domiciano 81-96. d.C.

4º de 5 artigos sobre o Apocalipse


A "Waterloo" da especulação moderna sobre o Apocalipse


Minha primeira proposta (Andando na Verdade, Ano 1 Número 1,  páginas 30-32) foi que deveríamos primeiro ler o Apocalipse para ver   o que João esperava que acontecesse no futuro em vez de olhar para trás através de dois mil anos História; então, olhar para a História à luz do Apocalipse, e não interpretar o Apocalipse à luz da História. A aplicação deste princípio leva-nos à estrutura de tempo mais ou menos definido dentro da qual João esperava que suas profecias se cumprissem. A evidência do Apocalipse é que tudo até o reino de mil anos (capítulo 20) era esperado que ocorresse não muito depois que o Apocalipse foi escrito (veja Ano 1 Número 2, páginas 23-25 para mais pormenores.)

Esta atenção ao elemento tempo no Apocalipse fixa alguns limites dentro dos quais os pormenores precisam ser entendidos. Podemos não achar explicação para alguns deles, mas sabemos onde localizá-los na História.

Este único ponto pára, mortos nas suas trilhas, fanáticos e especuladores. Considere alguns exemplos:

ŒAinda que algumas questões sobre o reino de mil anos (20:1-6) possam permanecer sem respostas, sabemos de fato onde colocá-lo na História, pois a prisão de Satanás não estava longe no futuro quando João escreveu (6:9-11; 12:12 com 20:1-3; 13:5 com 17:7-11(veja Ano 1 Número 2, páginas 23-25).

Se o monstro perseguidor esperado por João não estava longe no futuro quando o Apocalipse foi escrito (17:7-11) e continuaria por um curto tempo quando ele chegou (13:5), então não devemos procurar esta besta no século vinte ou no fim dos tempos.

Ž Qualquer que seja a explicação do "Armagedom" (16:12-16), sabemos seu lugar na História.

As Nações Unidas chegaram séculos tarde demais para serem achadas no Apocalipse 17 (ponto de vista das Testemunhas de Jeová).

Apocalipse 11:3 não pode ser evidência em apoio da expectativa dos profetas do século vinte (como um homem alegou). Mesmo se não podemos identificar ou explicar as duas testemunhas, quando a atenção adequada é dada ao elemento tempo contido no próprio Apocalipse, saberemos melhor do que procurá-las num tempo tão remoto do primeiro século.

Em resumo, aprenda as referências ao tempo no Apocalipse e você será capaz de fechar a boca de fanáticos, especuladores e futurólogos. A importância deste ponto em aplicação ao dispensacionalismo pode ser dificilmente exagerada. Apocalipse 20 é a única referência a um "milênio" na Bíblia. Tire isso dos dispensacionalistas e eles terão que reconsiderar cada passagem bíblica e revisar cada mapa que já tenham usado. Enquanto eles estiverem ocupados com sua tarefa, o silêncio nas ondas de rádio será bem-vindo!

3º de 5 artigos sobre o Apocalipse


Conteúdo e estrutura do Apocalipse

Em acréscimo à decisão a respeito do modo certo de ler o Apocalipse (veja o 1º artigo) e à atenção devida ao elemento tempo no livro (2º artigo), um terceiro modo de ver que abriu para mim algumas portas para este livro se relaciona com sua estrutura.

As referências a tempo no Apocalipse provam que quase o total da ação do livro -- direto até a prisão de Satanás (20:1-3) -- acontece dentro de um período de tempo relativamente curto que não estava longe no futuro quando João escreveu. Não insisto em tomar os números literalmente. Talvez eles sejam destinados a propósitos comparativos: "pouco tempo" (6:11), quarenta e dois meses (11:2; 13:5), mil duzentos e sessenta dias (11:3; 12:6), três anos e meio (12:14), "um curto tempo" (12:12), em oposição a mil anos (20:1-6). As perseguições deveriam durar três anos e meio. Então os inimigos da igreja cairiam e os mártires reinariam durante mil anos.

Um exame da estrutura literária do Apocalipse reforça esta impressão com respeito ao decurso de tempo do Apocalipse, inicialmente criada pelas referências de tempo do livro. Em outras palavras, a estrutura do Apocalipse também sugere que o livro lida com acontecimentos caindo num período de tempo relativamente breve, e não eventos estendidos por um longo período.

O livro começa com uma visão do Cristo glorificado instruindo João a escrever às sete igrejas da Ásia (1:9-20). Esta chamada é seguida por mensagens a cada uma das sete igrejas, advertindo-as e preparando-as para a vinda de uma crise (capítulos 2-3). Então vêm as visões de Deus no trono (capítulo 4) e do Cristo crucificado tomando o livro da mão de Deus para fazer com que seu conteúdo aconteça (capítulo 5).

Esse livro contém o propósito de Deus relativo ao completo estabelecimento do reino de Deus e a derrubada dos inimigos que se levantaram contra o governo divino-- uma explicação estabelecida pelo que acontece quando o livro é aberto (capítulos 6-11) e especialmente a meta à qual a ação é dirigida (10:7 - 11:15-19). O livro foi selado com sete selos. Quando os selos são abertos, as coisas começam a acontecer. Os primeiros quatro revelam forças operando no mundo sob o comando de Cristo (6:1-8); o quinto, o grito dos mártires pelo julgamento dos seus inimigos (6:9-11); o sexto, uma previsão desse julgamento (6:12-17). Duas visões consoladoras dão segurança aos servos de Deus em vista das terríveis forças a serem liberadas no mundo (capítulo 7).

O quinto e o sexto selos têm-nos feito procurar uma vingança para o sangue dos mártires (6:9-11) e o julgamento dos seus inimigos (6:12-17). Mas quando o sétimo selo é tirado e o livro fica totalmente aberto, o julgamento se torna um caso prolongado, com uma série de trombetas assinalando várias pragas que afetam aqueles que moram na terra, mas das quais os servos de Deus estão isentos (capítulos 8-9). É dada a João uma nova missão para proclamar a consumação do propósito de Deus, na sétima trombeta (capítulo 10). A experiência de Cristo precisa ser repetida em suas testemunhas (11:1-13), mas quando a sétima trombeta soa o grito dos mártires é respondido e o julgamento cai sobre seus inimigos (11:14-19).

Este esquema deverá mostrar que as trombetas estão incluídas no livro selado (capítulo 5) e começam a tocar quando o livro é completamente aberto. O resto da ação do Apocalipse, até o capítulo 20, não avança além da sétima trombeta, mas somente amplifica o que já está sumariado em 11:15-19. Mas antes desta elaboração, o progresso da ação do Apocalipse é suspenso nos capítulos 12-14 para prover algumas informações necessárias ao entendimento da luta entre a igreja e seus inimigos.

Esta luta é a clara expressão do conflito espiritual entre Cristo e o diabo. Este é derrotado na cruz (12:1-12) -- assim o versículo 10 explica a "batalha no céu" -- e é lançado para a terra onde agride a igreja (12:13-13:1a), "cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta" (versículo 12). Isto explica as perseguições.

Os principais agentes através dos quais esta cólera é exprimida são uma besta (rei, 17:11) que se levanta do mar (13:1-10) e outra besta que sai da terra, que força a adoração à primeira besta (13:11-18).

Em oposição a estes inimigos está o Cordeiro, com seus fiéis seguidores (14:1-5). A aproximação do julgamento é anunciada por três anjos (14:6-13) e duas visões de julgamento aparecem (14:14-20).

Quando as sete taças da ira são derramadas (capítulos 15:16), a ira de Deus é terminada (15:1). Estas sete taças, portanto, são o julgamento final contra os perseguidores. As sete taças não são algo inteiramente novo. Elas são uma elaboração do julgamento da última trombeta (11:15-19). Este julgamento não foi descrito no capítulo 11, exceto por um breve resumo no versículo 19. A prova de que as taças são uma elaboração da última trombeta se encontra numa comparação de 15:5 e 16:17-21 com 11:19. Cada elemento do julgamento da sétima trombeta reaparece nas taças: templo, arca da aliança, raios, vozes, trovões, terremotos e granizo.

O trecho do 17:1 ao 20:3 é uma elaboração ainda posterior de certos detalhes deste julgamento, daí a queda da Babilônia (capítulos 17:18), a derrota da besta e do falso profeta (capítulo 19) e a prisão de Satanás (20:1-3).

Você está começando a pegar a estrutura do Apocalipse? É como uma grande pintura que cobre toda uma parede. Você tem que ficar junto à parede oposta para vê-la toda. Então você anda em direção a ela e dá um olhar mais de perto aos pormenores. Depois você pega uma lente de aumento e estuda certos aspectos mais de perto ainda.

É assim com o Apocalipse. É mostrado para nós primeiro um grande quadro, pelo menos os traços principais. Depois damos uma olhada de perto aos pormenores. Mais tarde, algumas minúcias serão aumentadas ainda mais. Aqui e ali são inseridas visões para dar informações necessárias ao entendimento da luta que a igreja enfrenta.

O Apocalipse não é, portanto, um relato contínuo da história da igreja através das eras. Depois de 11:15-19, as partes subseqüentes não avançam a ação além do ponto atingido ali (até o capítulo 20), mas se detém nos pormenores. O livro dá um tratamento intensivo de um período limitado da história da igreja. Ele pinta o conflito entre a igreja e seus inimigos, terminando em derrota de todos os inimigos e com os mártires, que pareciam só ter encontrado derrotas, reinando em tronos durante mil anos (20:4-6). Então Satanás é libertado somente para ser finalmente destruído (20:7-10). Depois vem o julgamento final (20:11-15). A visão de encerramento pinta a realização final do propósito do Criador (21:1 - 22:5). O Criador está no trono (capítulo 4). E ele não permitirá que seu propósito seja frustrado.

2º de 5 artigos sobre o Apocalipse


O elemento tempo no Apocalipse

De acordo com o primeiro versículo do livro, o assunto do Apocalipse é: "as cousas que em breve devem acontecer" (Apocalipse 1:1). "Pois o tempo está próximo" (1:3). "Eis que vem com as nuvens" (1:7).

A parte final contém as mesmas referências a tempo. A mensagem do Apocalipse é, de novo, dita ser "as cousas que em breve devem acontecer. Eis que venho sem demora" (22:6-7). Tinha sido dito a Daniel, " ... tu, porém, preserva a visão, porque se refere a dias ainda mui distantes" (Daniel 8:26; conf. 10:14; 12:4,9). Mas João é proibido de preservar ou selar o Apocalipse, porque não lida com o futuro remoto: "o tempo está próximo" (Apocalipse 22:10).
Essa declaração é imediatamente seguida por outra indicando que o tempo está próximo quando o caráter será finalmente acertado e será muito tarde para mudar (22:11). O próximo versículo tem o Senhor dizendo, "Eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo suas obras" (22:12). Então, pela terceira vez, no 22:20, "Aquele que dá testemunho destas cousas diz: Certamente venho sem demora."

É inevitável a conclusão que o Apocalipse trata principalmente de eventos que deveriam acontecer logo depois que o livro foi escrito. Se alguém nos disser que mil anos é como um dia para o Senhor (2 Pedro 3:8), precisamos replicar que o Apocalipse não foi escrito para o Senhor, mas para homens, em termos inteligíveis para eles (conforme Apocalipse 1:1-3; 22:6-9). Nem pode a frase "Eis que venho sem demora" referir-se a uma vinda milênios mais tarde, mesmo que seja executada rapidamente uma vez chegada a hora. O tempo estava tão próximo que o livro nem foi selado.

Por outro lado, a referência não pode ser à vinda de Cristo no fim do mundo. Poderia dizer alguém que isso é óbvio pela história mas, mais importante, o próprio livro do Apocalipse deixa óbvio que o fim do mundo não estava próximo, pois uma das visões de João coloca-o a pelo menos mil anos no futuro (Apocalipse 20).

O que, então, quer dizer "as cousas que em breve devem acontecer"? Qual vinda de Cristo estava próxima. A resposta a estas questões precisam ser determinadas pela evidência do próprio livro do Apocalipse. Essa evidência é encontrada em quatro passagens: Aos mártires que já tinham sido mortos foi dito "que repousassem ainda por pouco tempo" e seu sangue seria vingado (6:9-11). Desde o tempo da derrota de Satanás por meio da cruz, simbolicamente retratado em Apocalipse 12:7-12, ele está "cheio de grande cólera" contra a igreja (explicando as perseguições), "sabendo que pouco tempo lhe resta" (12:12). O principal instrumento da ira de Satanás era a besta, um monstro perseguidor, que não estava longe no futuro, ao tempo do Apocalipse (17:7-12), e quando ele vier ele continuará por apenas quarenta e dois meses (13:5). Depois desse "pouco tempo" Babilônia cairia (capítulos 17-18), a besta e o falso profeta seriam derrotados (capítulo 19), e Satanás seria preso por mil anos (20:1-3). Assim, "as cousas que em breve devem acontecer", que estão "próximas", são identificadas com o conflito entre a igreja e o monstro perseguidor (que não estava longe), terminando com a derrota do perseguidor e a prisão de Satanás depois de curto tempo. Independente da maneira que alguém possa explicar o sentido do "milênio", o livro do Apocalipse certamente não deixa dúvidas onde ele começa, a saber, não muito depois que o Apocalipse foi escrito. Não tentarei me fazer de historiador, mas insistirei que isto é o que João disse no livro que ele escreveu.

1º de 5 artigos sobre o Apocalipse


Interpretando o livro do Apocalipse
Três discernimentos têm parecido soprar para longe a maioria da minha confusão de um quarto de século de duração sobre o livro do Apocalipse. A primeira envolve uma abordagem básica -- como ler o livro -- e, em particular, a relação do Apocalipse com a História.

A maioria das pessoas começam pela História. Isto ou aquilo, dizem eles, não se cumpriu. Precisamos procurar no futuro. Outros apanham retalhos da História que parecem se ajustar ao Apocalipse e voltam ao livro para relê-lo, interpretando o Apocalipse pela História. Às vezes a Escritura é torcida para se ajustar à História.

A abordagem é, por princípio, infundada. A Escritura não deve ser interpretada à luz da História ou dos jornais. Antes, a História tem que ser entendida à luz das Escrituras. Precisamos aprender a ver a História como Deus a vê. Eu, portanto, sugiro que, em vez de ficarmos como pessoas do século vinte olhando para trás para o Apocalipse através de dois mil anos de História, antes esqueçamos tudo o que sabemos da História e tomemos posição com João no primeiro século, antes dos eventos previstos, lendo o Apocalipse como se isso fosse tudo o que tínhamos e nenhum dos eventos desde então tivesse ocorrido. Precisamos ver o futuro através dos olhos de João. Precisamos entender o que ele esperava acontecer. Precisamos, então ver a História à luz das Escrituras.
Nossa primeira responsabilidade como estudantes da Bíblia e professores da Palavra é entender e então repetir o que as Escrituras dizem. O que está nas Escrituras foi dito, independente da História. Só depois que tivermos entendido o que as Escrituras dizem devemos voltar-nos para a História que, então, pode ser vista à luz das Escrituras.

Não creio que as Escrituras sejam inconsistentes com a História. Mas nossa primeira e principal tarefa como estudantes das Escrituras é entender o que Deus nelas disse; como crentes, aceitar tudo o que Deus disse sem reservas e sem importarmo-nos com a História; e, como mestres, repetir no século atual o que Deus disse no primeiro século. Não é da nossa conta fazer as Escrituras encaixar-se na História.

Mateus 24 é uma excelente ilustração deste ponto. Jesus predisse a destruição de Jerusalém e disse, "... não passará esta geração sem que tudo isto aconteça" (v. 34). Quando começamos pela História e discutimos que algumas "dessas coisas" permanecem sem cumprimento, o efeito é fazer de Jesus um falso profeta que disse que todas elas seriam cumpridas antes que aquela geração tivesse passado. Esta é a abordagem de um descrente. Como alguém que pôs sua confiança em Jesus, eu parto pelas Escrituras e concluo que, quer eu compreenda a aplicação de toda a linguagem de Jesus à História, quer não, eu sei que ela já foi cumprida, pois Jesus disse que aconteceria naquela geração, e eu creio em Jesus. Nossa primeira responsabilidade é entender, para crer e repetir o que as Escrituras dizem, e somente então fazer tudo o que pudermos com respeito à História. Um crente não pode ter um outro ponto de vista.

O livro do Apocalipse tem que ser abordado do mesmo modo. Precisamos primeiro esquecer tudo o que sabemos da História e ler o Apocalipse para ver o que João disse. Então poderemos voltar à História se pensarmos que isto tem alguma importância. Mas quero mostrar em outro artigo que o Apocalipse contém diversas referências ao tempo que definem especificamente o lugar na História onde se precisa buscar os eventos profetizados. A época e a abrangência do tempo ao qual as profecias do Apocalipse se aplicam são tão definitiva e conclusivamente fixadas pelo próprio livro como Mateus 24:34 fixa a abrangência de tempo daquela profecia.

A nossa necessidade pelo relacionamento


“O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.” –1 João 1:3
Uma necessidade por um rico relacionamento pessoal é profundamente enraizada na natureza criada em nós. Nós devemos a nossa existência, não às forças impessoais, e sim a um Criador pessoal. Foi o próprio Criador que disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18). Somos seres pessoais, pessoas planejadas para relacionamentos plenos e vibrantes.
Contudo, o pecado destrói o relacionamento. Ele nos separa de Deus e dos outros, afastando-nos daquilo que é necessário à nossa natureza. Então talvez não haja nenhum sintoma do pecado mais óbvio que a profunda e latejante dor do isolamento. E, no pecado, não há gemido mais desesperado do que aquele que pede a libertação da nossa solidão.
Mas independente de quanto geralmente precisamos do relacionamento, a nossa necessidade mais vital, a única sem a qual não podemos sobreviver, é a de ter uma relação com Deus. ‟Em cada homem há solidão, um local interno de vida peculiar no qual somente Deus pode entrar” (George MacDonald). Nosso desejo por Deus é uma dependência criada em nós de propósito. É a profunda necessidade pelo relacionamento perfeito, e tentar suprir essa necessidade com nossa falha ligação a outros seres humanos não é apenas errado, mas também desesperançoso.
Se falharmos em deixar Deus suprir a nossa necessidade pelo amor – se não é nele que encontramos a solução a nossa solidão – então forçaremos um mandado impossível com aqueles que nos cercam. Exigiremos dos outros uma satisfação que são incapazaes de nos fornecer neste mundo quebrado. Somente o Deus infinito pode se identificar conosco perfeitamente. E mesmo com Deus, o que podemos ter nesta vida é apenas uma amostra da união perfeita que será providenciada no céu.
Quando descobrimos que nem os nossos companheiros mais íntimos na terra podem nos dar a profundidade de relacionamento pelo qual fomos criados, a amargura pode ser a reação tentadora. Porém, há uma resposta mais saudável. Podemos enxergar as imperfeições em nossos próprios relacionamentos como um lembrete que nos desperta. Somente em Deus devemos procurar pela vida e amor que não falham. Esquecer-se disso é perder o caminho que nos leva de volta para a casa.
Me deste esta solidão sem saída para que fosse mais fácil eu te dar tudo?

Uma mulher sem nome que jamais esqueceremos



O ensinamento de Jesus sobre perdão tem sido pouco entendido em nossos tempos. A graça de Deus tem sido ampla e entusiasticamente pregada, mas freqüentemente com tal irrelevante presunção que seu custo a Deus e sua demanda de nós de um profundo sentimento da necessidade de perdão e uma profunda gratidão por isso são pouco tratados. Jesus aborda esta matéria crítica na parábola dos Dois Devedores (Lucas 7:36-50).
Na parábola do Servo Impiedoso Jesus ilustra como a incrível misericórdia de Deus para conosco deverá transformar nossa atitude para com outros. Na parábola dos Dois Devedores, ele abre o segredo daqueles que amam a Deus de uma maneira insuperável e, assim fazendo, revela a razão pela qual alguns homens e mulheres, eles mesmos em grande necessidade de misericórdia, são tão insensíveis, judiciosos e implacáveis.
A história que dá origem a esta parábola é uma muito poderosa, tanto que a parábola repousa em sua sombra, uma simples ilustração que serve para explicar a comovedora cena que acaba de ser representada. Não sabemos, com exatidão, o tempo ou lugar do ensinamento da parábola dos Dois Devedores, mas deve ter sido em uma das cidades da Galiléia e provavelmente no segundo ano do ensinamento público do Senhor. Lucas coloca-a num tempo em sua narrativa que faria dela uma das primeiras parábolas de Jesus, mas não se pode saber com certeza se realmente ocorreu ou se foi inserida para ilustrar porque Jesus, como seus detratores gostavam de repetir, tinha uma reputação de amigo de pecadores. O fato que o Senhor ainda está recebendo convites para jantar com fariseus e a atmosfera geralmente quieta deste jantar sugerem um tempo antes das amargas confrontações do final do ano quando seu último encontro com um fariseu explodiu numa poderosa denúncia da hipocrisia deles (Lucas 11:37-44).
Jesus, aberto aos grandes e aos pequenos, respondeu ao convite de um fariseu chamado Simão para jantar. Os motivos de Simão são difíceis de aquilatar. Talvez fosse curiosidade sobre um mestre religioso popular ou o desejo de exibir uma “celebridade” à sua mesa de jantar. Ele sabe que Jesus é visto por muitos como um profeta, mas sua maneira de tratá-lo parece ser mais protetoramente polida do que solícita e respeitosa.
Dentro deste cenário, de outro modo ordinário, chega subitamente uma mulher de reputação notória que cai aos pés estendidos de Jesus sem nenhuma palavra e os cobre de beijos ardentes. O Senhor, também sem falar, continua quietamente sua refeição, nem se recolhendo do toque dela nem reprovando a sua desenvoltura. Simão, também, está sem fala, demasiado surpreso para dizer palavras, não porém para alguns pensamentos muito acusadores contra a mulher e contra Jesus. “Se Jesus não sabe que qualidade de mulher é esta,” ele raciocina, “ele não pode ser um profeta, e se ele sabe e não a rejeita, não pode ser verdadeiramente bom.” Para Simão, apenas o toque de tal mulher era poluente (versículo 39).
Tal comportamento por parte de uma mulher de má fama em casa de um proeminente fariseu era capaz de causar sensação. Ela era, primeiramente, não comum, e em segundo lugar, ela não observou da periferia como aos estranhos não convidados era evidentemente permitido fazer pelo costume no mundo antigo, mas veio diretamente a Jesus. Dadas a reputação dela e a mentalidade de Simão, não é surpreendente a suspeita dele de que os beijos ferventes dela fossem de um tipo diferente do que realmente eram. Ele tirou uma rápida conclusão que era inverídica como se fosse “lógica” e, em sua pressa, foi cruelmente injusto com ambos – com a mulher e com Jesus.
Ela veio a ele. O ambiente desta mulher “pecadora” está amortalhado em silêncio. Não há a mais leve evidência que ela fosse ou Maria de Betânia (uma honrada mulher de uma casa bem respeitada) ou Maria Madalena (de quem Jesus expulsou sete demônios, o que nunca era um sinal de perversidade). Podemos somente especular que ela tinha, como milhares de outras, ouvido o gracioso convite de Jesus para os sobrecarregados pecadores para viessem a ele por descanso e, crendo, tinha vindo ao Senhor em penitência e alegre gratidão (versículo 50). A mulher veio a Jesus, não impulsivamente, mas resolutamente e preparada, seu coração completamente fixo no Filho de Deus; ela estava completamente inconsciente de como seu comportamento estava afetando os outros.
Ela chorou. A única coisa não planejada nos atos desta mulher pecadora foi o súbito fluxo de lágrimas que seu coração, partido mas agradecido, enviou cascateando abaixo para os pés de Jesus. Apressadamente ela enxuga as gotas ofensivas com suas tranças soltas, e agora se aproxima, beija seus pés em gratidão e homenagem. É provável que somente depois de se compor ela derrama sobre ele o frasco de alabastro de óleo aromático que ela tinha trazido em honra a ele.
Fora a crucificação, não há uma cena mais comovente na Bíblia e, por causa dela, Jesus nos deu a parábola dos Dois Devedores.